Coisas de cão

Sozinho em Casa

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Quantos de vocês que me leem têm cão, casa e todos os dias um cão sozinho em casa?
Dedo no ar, acuso-me sem pudores e, apesar de todos os contras e fracos moralismos à volta desta questão, recomendo na mesma.


Ora, uma vez mais, sem o propósito de ferir suscetibilidades, não raras são as vezes, quando falo orgulhosa do facto do meu Longo passar tantas horas sozinho e mesmo assim se portar tão bem, em que ouço um sempre despropositado “é por isso que eu não tenho animais”.

Vá, sejamos então realistas e admitamos que não é “por isso” coisa nenhuma! É que “isto de ter animais”, meus amigos, dá mesmo muito trabalho e pode causar até algum incómodo, nomeadamente quando se tem que levar o cão à rua todos os dias, várias vezes ao dia, mesmo quando já estamos atrasados, ou está aquele frio de bater o dente e aquela chuva que molha os tolos e os menos tolos também. Nem vamos falar da limitação que é ter que arranjar e/ou pagar a alguém que nos fique com o cão, quando simplesmente queremos ir passar um fim de semana fora. Ah! Não me posso esquecer ainda de referir "os dinheiros” e as idas ao veterinário. Muito facilmente, portanto, aqui se desconstrói um “é por isso que eu…”
Bom, acho que já percebemos todos a ideia!

*** É possível ter um cão perfeitamente feliz mesmo que passe o dia sozinho em casa! ***


Onde quero chegar é que, dependendo da vossa casa e também obviamente da raça e porte do animal, é possível ter um cão perfeitamente feliz mesmo que passe o dia sozinho em casa! O mais recomendado será este “estar sozinho” ser algo tido como rotina pelo vosso cão desde a mais tenra idade, pois tal como nós os cães são “bichos de hábitos”. Se esta sempre tiver sido a realidade do vosso amigo desde cachorro, a probabilidade de serem tão bem sucedidos como eu neste assunto é muito maior!
Ainda assim, quero partilhar convosco algumas ideias que podem ser bastante úteis neste processo:

ATIVIDADE FÍSICA


Uma das regras de ouro é haver uma compensação adequada das horas que o vosso cão passa sozinho. Por maior que seja o cansaço ao chegar a casa, temos que irremediavelmente nos auto renovar de energia para irmos dar uma longa caminhada, preferencialmente com momentos de corrida e brincadeiras à mistura. Confesso que há dias em que isto realmente não é fácil! O conselho que vos dou é: mal entrem em casa, antes de sequer caírem na tentação de descansar “um bocadinho” no sofá, peguem na trela do vosso cão e anunciem um “vamos à rua” irrevogável!

BRINQUEDOS E OUTROS PORMENORES


Os brinquedos que o vosso cão tem à disposição pode ser também um fator determinante, nomeadamente nos cães com tendência para roer aquilo que não devem. Devemos, por isso, apostar na variedade e ir alternando os brinquedos nos dias, para que o nosso amigo mantenha o foco de interesse neles e não nos puxadores daquele móvel com um design tão incrível que comprámos na Area… Admito que aqui nem tudo é ciência e nem os brinquedos mais interativos e interessantes irão salvar os vossos rodapés se tiverem em mãos um cachorro com um génio difícil.
O conselho mais sábio que vos posso dar é, pelo menos numa fase inicial até terem tudo controlado, retirarem do espaço em que o vosso cão irá ficar sozinho durante o dia as peças mais caras e/ou suscetíveis de serem “atacadas”.

Outro truque, também conhecido, e que efetivamente poderá contribuir para a redução de stress do vosso cão é deixarem um rádio ou televisão ligado durante o dia.
Nota importante:
Tenham sempre em linha de conta que a audição do cão é muito melhor do que a nossa, portanto o volume deverá ser adaptado a essa realidade.

A DESPEDIDA


Este é o tópico em que literalmente posso afirmar “olhem para o que eu digo, não olhem para o que eu faço”. Tanto a despedida como a chegada devem ser momentos neutralizados por nós, de modo a não exacerbar estados de ansiedade e de histeria, respetivamente. Como fazer isto? Acima de tudo controlando os nossos instintos mais básicos: autocontrolo.

Normalmente despeço-me do Pluto com um trivial e tranquilo “venho já”, admito que 50% das vezes fico mais uns segundos na porta a olhar para aquela carinha irresistível e a sofrer mais ou tanto do que ele com a breve separação. Mas na realidade isto é algo que não deve ser feito, pois só irá potenciar a ansiedade da separação.


Posto isto e como consideração final, acho que se tivermos uma casa adequada e adaptada à raça e porte do nosso cão, acrescentada à devida compensação, em tempo e afecto, das horas que o nosso cão passa sozinho, tudo isto recheado de bom senso e de pequenos sacrificios (temos sempre que abdicar de algumas coisas), podemos perfeitamente conciliar uma vida fora de casa em trabalho com um cão feliz à nossa espera. Tenho dito.

Bom trabalho!

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